
Nosso corpo fala. Cada tensão, dor ou enfermidade pode ser um reflexo do que vivemos internamente, expressando emoções não verbalizadas, angústias reprimidas e conflitos psíquicos ainda não elaborados. A psicanálise, especialmente sob a ótica de Donald Winnicott, nos ensina que a mente e o corpo não são entidades separadas, mas uma continuidade do ser em desenvolvimento. Assim, quando algo no psiquismo encontra dificuldades para se expressar simbolicamente, o corpo pode assumir essa função, manifestando-se por meio de doenças psicossomáticas.
Doenças psicossomáticas e seus significados ocultos
As doenças psicossomáticas podem se apresentar de diversas formas, afetando diferentes sistemas do organismo. Entre as mais comuns, encontramos:
Gastrite e úlceras: frequentemente associadas a estados de ansiedade e dificuldades em lidar com emoções reprimidas.
Enxaquecas: podem representar um acúmulo de tensão psíquica, conflitos internos não resolvidos e uma necessidade de controle.
Dermatites e alergias: muitas vezes simbolizam dificuldades na construção de limites saudáveis entre o eu e o outro.
Dores musculares crônicas: podem indicar um esforço inconsciente para segurar sentimentos que não puderam ser expressos.
Síndrome do intestino irritável: pode estar relacionada a dificuldades em “digerir” experiências emocionais complexas.
O adoecimento psicossomático, portanto, não se trata apenas de um problema físico, mas de um sofrimento emocional que encontra na somatização uma forma de expressão.
O olhar winnicottiano sobre o adoecimento psicossomático
Para Winnicott, a saúde emocional depende da capacidade do indivíduo de integrar sua vivência psíquica e corporal em um self coeso e autêntico. Em seu conceito de self verdadeiro e falso, ele explica que, quando uma pessoa é forçada a se adaptar excessivamente às exigências do ambiente desde a infância, pode desenvolver um self falso, ou seja, uma personalidade moldada para agradar o outro, enquanto suas reais necessidades emocionais ficam reprimidas.
Nesse contexto, o corpo pode se tornar o porta-voz de um sofrimento não reconhecido conscientemente. Como Winnicott afirma: "O preço pago por evitar sentimentos é a perda do sentido da vida." Quando as emoções não encontram espaço para serem vividas e simbolizadas, elas se deslocam para o corpo, produzindo sintomas físicos.
Como a psicoterapia pode ajudar
O processo terapêutico permite que o paciente compreenda a origem emocional de seus sintomas e encontre formas mais saudáveis de lidar com seus sentimentos. Assim, ao invés de o corpo precisar expressar aquilo que não foi simbolizado, o indivíduo desenvolve recursos psíquicos para nomear e elaborar suas angústias.
Se você percebe que seu corpo tem falado por meio de sintomas físicos recorrentes, talvez seja o momento de ouvir o que ele tem a dizer. A psicoterapia pode ser um espaço transformador para compreender e ressignificar essas manifestações, permitindo que sua expressão emocional flua de maneira mais saudável e integrada. Como Winnicott nos lembra, "A saúde depende da capacidade de estar sozinho na presença do outro." Encontrar um espaço seguro para essa jornada pode ser o primeiro passo para a reconexão consigo mesmo.
Se quiser dar esse passo, estou aqui para te acompanhar nesse processo.